No final de 2018, em meio a um Brasil marcado por retrocessos e discursos de ódio, especialmente durante a campanha presidencial de Jair Bolsonaro, eu e mais cinco colegas da Midialogia/Unicamp decidimos transformar nossa inquietação em ação. Assim nasceu Roda Viva Roda Brasil, um posicionamento de resistência por meio da arte.
O projeto surgiu na disciplina de Fotografia e Movimento, mas foi fortalecido por discussões em outras matérias como Teorias do Cinema e História da Arte III, que ampliaram nossa visão sobre o audiovisual como ferramenta de enfrentamento.
No lugar de atores, convidamos pessoas reais que representassem os temas que o filme aborda: sexualização do corpo negro, violência policial, intolerância religiosa, ataques à comunidade LGBTQIA+ e precarização do trabalho.
Atuei como produtora executiva, cuidei da montagem de set, colaborei na direção de arte e também participei do casting. Foi uma produção de baixo orçamento, mas com muito cuidado, afeto e responsabilidade em cada detalhe.
O filme Roda Viva Roda Brasil atualiza para o cenário de 2018 a música "Roda Viva", composta por Chico Buarque durante a Ditadura Civil-Militar, comparativamente expondo as limitações e fragilidade da democracia em nosso país. Hoje, a exceção encontrou dispositivos normativos na mídia e no Congresso para formalmente retornar ao cenário brasileiro. A arte é um modo de enfrentamento. Se Chico foi resistência na tragédia da ditadura, ele pode ser apropriado hoje na contraposição de uma cópia tão kitsch quanto o fenômeno do Jair Bolsonaro.